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O Bitcoin no xadrez global entre Rússia, China e USA

''Não existe coincidência, apenas a ilusão de uma coincidência.'' V de Vingança.





A convite do Presidente da República Popular da China Xi Jinping, Vladimir V Putin visitou a China no dia 4 de fevereiro de 2022. Ao final do encontro, as nações redigiram uma carta ao mundo, declarando o fortalecimento da parceria entre seus países, frente aos 'atores não-democráticos' que não respeitam suas soberanias estatais e a integridade territorial, e que ambos se opõem à interferência de forças externas em assuntos internos. Citando alguns trechos da carta:


‘‘Hoje, o mundo está passando por mudanças importantes, e a humanidade está entrando em uma nova era de rápido desenvolvimento e profunda transformação. Vê o desenvolvimento de processos e fenômenos como multipolaridade, globalização econômica, advento da sociedade da informação, diversidade cultural, transformação da arquitetura de governança global e ordem mundial; há crescente inter-relação e interdependência entre os Estados; surgiu uma tendência à redistribuição do poder no mundo; e a comunidade internacional mostra uma demanda crescente por lideranças visando um desenvolvimento pacífico e gradual. Ao mesmo tempo, à medida que a pandemia da infecção pelo novo coronavírus continua, a situação de segurança internacional e regional está se complicando e o número de desafios e ameaças globais está crescendo dia a dia. Alguns atores que representam a minoria na escala internacional continuam a defender abordagens unilaterais para abordar questões internacionais e recorrer à força; interferem nos assuntos internos de outros Estados, infringindo seus direitos e interesses legítimos, e incitam contradições, diferenças e confrontos, dificultando o desenvolvimento e o progresso da humanidade, contra a oposição da comunidade internacional.


[...]


Tentativas de alguns Estados de impor seus próprios “padrões democráticos” a outros países, de monopolizar o direito de avaliar o nível de cumprimento de critérios democráticos, de traçar linhas divisórias com base na ideologia, inclusive estabelecendo blocos exclusivos e alianças de conveniência , não passam de desrespeito à democracia e vão contra o espírito e os verdadeiros valores da democracia.’’


[...]


As partes estão buscando seu trabalho para vincular os planos de desenvolvimento para a União Econômica da Eurásia e a Rota com o objetivo de intensificar a cooperação prática entre a UEA e a China em várias áreas e promover uma interconexão entre a Ásia -Pacífico e Eurásia regiões. Os lados reafirmam o foco na construção da Grande Parceria Eurasiática em paralelo e em coordenação com a construção do Cinturão e Rota reafirmam o desenvolvimento de associações regionais, bem como processos de integração bilateral e multilateral em benefício dos povos do continente eurasiano.


[...]


As partes reafirmam seu forte apoio mútuo à proteção de seus interesses centrais, soberania estatal e integridade territorial, e se opõem à interferência de forças externas em seus assuntos internos. O lado russo reafirma seu apoio ao princípio de Uma Só China, confirma que Taiwan é uma parte inalienável da China e se opõe a qualquer forma de independência de Taiwan.

A Rússia e a China se opõem às tentativas de forças externas de minar a segurança e a estabilidade em suas regiões adjacentes comuns, pretendem combater a interferência de forças externas nos assuntos internos de países soberanos sob qualquer pretexto, se opõem às revoluções coloridas e aumentarão a cooperação nas áreas mencionadas.’’


A mensagem é clara, as duas superpotências vão fortalecer seus laços e fazer frente àqueles que se colocarem em seus caminhos. Historicamente, qualquer país ``contra os interesses dos EUA '' seria condenado ao isolamento comercial, devido a sanções e exclusão do sistema financeiro global baseado no dólar.


Recentemente, o conflito entre Ucrânia e Rússia reacendeu o debate, com EUA mencionando a exclusão da Rússia do sistema de pagamento SWIFT. Quase ao mesmo tempo, começamos a ver cada vez mais notícias sobre Bitcoin e criptomoedas na Rússia. E como diria o V de Vingança, não há coincidências, apenas a ilusão de uma coincidência.'


A colaboração entre a Rússia e a China cria um comércio bilateral fora do regime do dólar americano, diminuindo a eficácia de qualquer sanção dos EUA. Ao mesmo tempo, a ascensão do Bitcoin e das criptomoedas fornece um sistema de pagamento global e sem censura. Por mais que essa teoria possa surgir megalomaníaca, a adoção do Bitcoin já atingiu os países. El Salvador foi um grande primeiro passo. Mas sem dúvida há muito mais pela frente. Nas previsões de 2022, Bukele disse que previa outros países seguindo os passos da nação vulcânica.


E de fato, a Rússia já se pronunciou, ela não vai bani-lo, mas sim tratá-los como outras moedas estrangeiras e a nação já é um dos maiores países de criptomoedas.


Estima-se que mais de 17,3 milhões de pessoas, 11,9% da população total da Rússia, tenham criptomoedas, somando US$ 214 bilhões em criptomoedas. Já em 2018, Georgiy Muradov, representante de Putin, disse à RIA Novosti que a região estava desenvolvendo um fundo de investimento em criptomoedas para evitar restrições bancárias e garantir a implementação de programas de investimento na Crimeia.


Se a Rússia der um passo além no tabuleiro global, não apenas regulamentando o Bitcoin, como adicionando a moeda digital em seu balanço e oficializando a mineração com recursos estatais, buscando novas rotas e parceiros comerciais, a parte do sistema do dólar, outras superpotências olharam na mesma direção.


Ao mesmo tempo que isso pode minar a hegemonia do dólar, podemos buscar patamares ainda não imaginados ao Bitcoin.


''Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis".
George Box
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