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A rejeição ao ESG e a treta dos fertilizantes: de crítica em crítica, é assim que morremos.



As críticas ao ESG
A recusa ao ESG


Estamos assistindo uma onda de protestos de agricultores em todo o mundo desencadeada pelas legislações que buscam atingir as metas de redução de emissão de dióxido de nitrogênio, associadas ao uso de fertilizantes na agricultura e na produção de rebanhos.

A exigência de cumprimento das metas significa que muitos agricultores e pecuaristas não conseguirão continuar suas operações da forma como fazem. A Holanda propôs comprar as terras daqueles incapazes de cumprir a legislação e o caos se instaurou.


Com a onda de protestos, também vimos uma onda de críticas ao movimento ESG, acusado de completa indiferença perante a fome no mundo e principalmente daqueles mais pobres. De crítica e proibição em proibição, todos nós cavamos juntos nossa própria cova coletiva.

O uso massivo e a dependência dos fertilizantes na agricultura faz parte de uma solução onde a diversidade genética das culturas alimentares foi reduzida deliberadamente para aumentar a produtividade. O que inegavelmente é uma bênção no curto prazo, mas tem efeitos colaterais ecológicos drásticos, em um futuro que está cada vez mais próximo.

O problema da fome do mundo não é um problema de produção de alimentos, mas de distribuição e qualidade dos mesmos. A obesidade mata mais do que a fome e a obesidade - por mais controverso que pareça- é um problema de sub-nutrição e não de sobre-nutrição. Nós desperdiçamos 1/3 dos alimentos do mundo, nos enchemos de alimentos que não nos alimentam, só nos engordam e nos matam de ataque cardíaco e diabetes e nem mais preparamos esses alimentos.


Das 350.000 espécies de plantas identificadas globalmente, 7.000 foram usadas pelos humanos como alimento. Hoje, 75 % dos alimentos consumidos pelos seres humanos são compostos de 12 culturas e cinco espécies animais. Pode contar. A falta de diversificação da alimentação gera um cenário de profundo risco para resiliência do sistema alimentar no mundo inteiro.



Isso significa que devemos jogar os agricultores e os mais pobres na cruz em prol de uma transformação futura com imposições regulatórias? De forma alguma.

Eu concordo com as ressalvas. Proibir ou coagir qualquer setor e grupo a adoção de uma solução não é o mesmo que solucionar um problema. É jogar batata quente com a economia, deslocando o problema para diferentes culpados. E eu temo que da imposição dessas metas, ainda mais repulsa as discussões ambientais seja gerada por parte de um dos atores mais importantes dessa discussão: os agricultores.

A proibição nunca será tão efetiva quanto a criação de soluções e o desenvolvimento de infraestruturas tecnológicas e econômicas capazes de auxiliar na transição da economia. Da mesma forma, a ''crítica ESG'' simplesmente empurra o problema pra frente. No dito popular, estamos vendendo o almoço para comprar a janta.


Fazendas urbanas, plantações de árvores frutíferas em praças, acesso a linhas de financiamento para transição de pequenos agricultores - que são responsável por 75% da nossa alimentação - pagamento pela conservação de florestas e fontes de água, reestruturação da cadeia de suprimento e mudanças na mentalidade do consumo são formas através das quais podemos enfrentar a crise global de alimentos.

Críticas e proibições não resolvem nada. Proposições sim. E eu adoraria ver sugestões de ambos os lados. Da mesma forma, acho essencial o processo de re-educação de cada um de nós em termos de escolhas. Todos têm liberdade de escolher como viver, mas alguns estilos de vida, de alimentação e de negócios simplesmente não são sustentáveis.

Enjaular centenas de animais para manter o consumo de carne do mundo, é um daqueles que não é sustentável. Alimentar 7 bilhões de pessoas requer uma mudança de paradigma, cujo foco precisa ser a agricultura familiar.

''Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis".
George Box
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